O ecossistema dos crimes ambientais – 6 leituras-chaves
Os crimes ambientais impulsionam o desmatamento, a perda de biodiversidade, e a mudança no uso da terra em toda a Bacia Amazônica e outros biomas brasileiros. Alimentado por mercados ilícitos interconectados, dominados por organizações criminosas com atuação além-fronteiras, o ecossistema criminoso gera um ciclo que pode levar a floresta ao ponto de não retorno.
Não há como limitar o aquecimento global a 1,5ºC, a meta do Acordo de Paris, sem a Bacia Amazônica. Na Amazônia brasileira, que abriga mais de 60% do bioma, cerca de 90% do desmatamento é ilegal. Uma proporção igualmente alta ocorre nos demais países amazônicos. Como consequência, partes da Amazônia, um sumidouro essencial de carbono, têm se transformado em emissoras líquidas de CO2, contribuindo diretamente para o agravamento das mudanças climáticas.
O motor do desmatamento são os crimes ambientais – a terceira atividade criminosa mais lucrativa do mundo, com ganhos estimados em até US$280 bilhões por ano. Essa economia ilegal inclui também a extração mineral ilícita, a grilagem de terras, atividades agropecuárias marcadas por ilegalidades ambientais, o tráfico de fauna e outros delitos que degradam biomas e financiam redes criminosas.
O ecossistema dos crimes ambientais prospera em ambientes com aplicação fraca da lei, governança fragmentada e poucas alternativas econômicas. Na maioria dos países, os crimes ambientais ainda são tratados como de segunda classe pelas polícias e pelo sistema de justiça criminal. Muitos investidores, públicos e privados, ainda se esquivam do tema, tido como estranho aos negócios, apesar de suas conexões com cadeias produtivas globais e com o sistema financeiro internacional, por onde circulam e são lavados os lucros obtidos com a destruição ambiental.
Para enfrentar essa questão crucial, além do reconhecimento da importância de incluir essa agenda na tomada de decisões, é preciso trabalhar na promoção de modelos ousados e inclusivos, que transformem o ecossistemas de crimes ambientais em um ecossistema de bioeconomias justas e sustentáveis. E, assim, ofereça alternativas reais e competitivas para quem hoje destrói a floresta, muitas vezes, por subsistência.
O Igarapé tem se dedicado a esse enfrentamento e produzido conhecimento aprofundado para embasar soluções duradouras. Saiba mais aqui sobre a iniciativa Green Bridge Facility, para incentivar empreendimentos verdes na Amazônia e outros biomas brasileiros.
Veja abaixo seis de nossas publicações que são chaves para entender o que é, de que se alimenta e como combater o ecossistema dos crimes ambientais.
Dinâmicas do ecossistema de crimes ambientais na Amazônia Legal
Este artigo revela como diferentes atividades ilegais se conectam e se fortalecem na Amazônia. Uma análise clara das engrenagens do crime ambiental e seus impactos na região.
Amazônia Saqueada: as raízes do crime ambiental nas regiões de tríplice fronteira
Na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, o crime ambiental se mistura a outros ilícitos transnacionais. O relatório expõe os riscos e as dinâmicas dessa região estratégica.
Acompanhar o fluxo do dinheiro é essencial para desarticular crimes ambientais. O artigo estratégico mostra como integrar mecanismos financeiros e ambientais pode gerar resultados concretos.
Uma comparação inédita entre três países amazônicos. O artigo analisa como os sistemas de combate à lavagem de dinheiro estão (ou não) preparados para enfrentar o crime ambiental.
Siga o Dinheiro: crimes ambientais e ilícitos econômicos em cadeias produtivas na Amazônia brasileira
O gado, a madeira e o ouro escondem histórias de ilegalidade. Este artigo estratégico mostra como crimes ambientais penetram nas cadeias produtivas e aponta caminhos para mudar esse cenário.
O ecossistema do crime ambiental na Amazônia: uma análise das economias ilícitas da floresta
Um panorama abrangente das economias ilegais que se alimentam dos recursos da floresta. Uma leitura-chave para entender o tamanho do desafio da proteção amazônica.
