IA: Desigualdade de Acesso e Regulação
A Inteligência Artificial (IA) vem transformando setores inteiros da economia e da sociedade, mas sua governança global ainda é fragmentada e o acesso às tecnologias exponenciais é profundamente desigual. No “Global Futures Bulletin – Governance gaps: Assessing global disparities in AI policy initiatives around the world”, mostramos que, embora haja um crescimento de iniciativas regulatórias no Sul Global, a maior parte das políticas formalmente estabelecidas continua concentrada em países de alta renda. Esse desequilíbrio pode ampliar desigualdades existentes e, ao mesmo tempo, limitar a capacidade de países em desenvolvimento influenciarem normas que impactam diretamente suas populações.
O Igarapé vem acompanhando essa agenda há anos, defendendo que a regulação da IA não pode ser pensada apenas a partir das perspectivas do Norte. É fundamental que políticas considerem as realidades institucionais, econômicas e sociais dos países do Sul Global, para que a tecnologia sirva ao bem-estar coletivo e não aprofunde vulnerabilidades.
Nesse percurso, reunimos, em parceria com a New America, um grupo de 15 pensadores, profissionais e defensores de direitos humanos na Força-Tarefa Global em Análise Preditiva para Segurança e Desenvolvimento. Em suas “Technical notes” e no guia “Responsible and safe AI: A primer for policymakers in the Global South”, a força-tarefa oferece orientações práticas sobre riscos, princípios éticos e regulação adaptativa.
Outro marco importante foi o boletim “Responsible Artificial Intelligence efforts in the Global South”, que destaca boas práticas e soluções emergentes da região. Esses esforços consolidaram o papel do Igarapé como referência em segurança digital e governança responsável de novas tecnologias.
Trabalhamos para que a IA e as tecnologias exponenciais estejam alinhadas à segurança e ao bem-estar das pessoas. Isso significa promover marcos regulatórios inclusivos, estimular o desenvolvimento de capacidades locais e contribuir para que os avanços tecnológicos sejam uma ferramenta de redução – e não de reprodução – das desigualdades globais.