Organized crime and global tensions

O crime organizado se consolidou como uma das maiores ameaças à estabilidade social e institucional no Brasil e no mundo. Grupos criminosos ampliaram sua presença em territórios urbanos e rurais, disputando mercados ilícitos que vão do tráfico de drogas e armas até a exploração ilegal de recursos naturais. Na Amazônia, temos demonstrado como a expansão dessas redes se conecta a crimes ambientais, afetando comunidades locais e corroendo a governança democrática. 

A interconexão entre mercados ilícitos, violência armada e fluxos financeiros ilegais não apenas fragiliza os sistemas de segurança pública nacionais, mas também alimenta tensões geopolíticas. Em nosso Monitor de Homicídios, é possível mapear dados que ajudam a entender por que, em diversas regiões do mundo, a atuação de organizações criminosas transnacionais está na raiz de crises que acabam por gerar intervenções militares ou operações de caráter internacional, com consequências diretas para a segurança coletiva e a paz global. 

Enfrentar esse desafio exige ir além da repressão imediata. A resposta precisa combinar fortalecimento institucional, inovação tecnológica, cooperação entre países e integração de múltiplos setores da sociedade. Essa abordagem multidimensional, que o Igarapé vem trazendo em suas publicações e como linha de ação, busca alinhar políticas de segurança com estratégias de desenvolvimento sustentável e proteção de direitos humanos.

No Brasil, a prioridade é fortalecer a capacidade de instituições democráticas para resistir à infiltração e ao poder econômico do crime organizado e seus tentáculos – que, para além da democracia, minam o investimento privado e o desenvolvimento econômico do país. Isso demanda linhas claras de integridade e aplicação das leis, inteligência integrada e políticas de segurança pública que contemplem tanto a redução da violência quanto a prevenção do crime. E que mire na reforma do sistema prisional – dados do Ministério da Justiça mostram que há mais de 70 facções agindo nos presídios brasileiros – e na reinserção de seus egressos.

No plano internacional, é fundamental construir pontes de cooperação para lidar com mercados ilícitos que não reconhecem fronteiras, promovendo a reforma e o reforço das estruturas multilaterais.

O Igarapé atua desde suas origens no campo da segurança, conectando pesquisas, políticas públicas e debates globais. Nossos estudos oferecem diagnósticos e propostas para enfrentar a expansão do crime organizado e suas múltiplas conexões. Garantir a governança democrática e aprimorar políticas de paz e segurança é o caminho para responder às ameaças que comprometem não apenas o Brasil, mas a ordem global.

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